Estar só não significa solidão. Estar só é viver fechado, obcecado consigo próprio. E isto porque o cérebro tem este mecanismo de tudo fazer para sobreviver mesmo que para isso sobreviva sobre vidas que não lhe vistam. A solidão anda à espreita mas não é assim tão perspicaz. Não demos créditos que ela não tem. A solidão é forte mas não deixa ninguém só. Estar só é ultrapassar a solidão num estado solitário de vida anti social virada para dentro em muros fortes de vazio. Estar só não é falta de companhia. Estar só é não haver opções nas opções disponíveis. Estar só é viver sozinho no meio de alguém. E as pessoas que estão sós ficam tão viciadas no terror de estar a sós que se fecham na solidão própria de estar só na sua solidão. Ficam por isso como que obcecadas com as dores próprias, obcecadas com a sua sobrevivência inconsciente, obcecadas numa obsessão mascarada consigo próprias. Estar só é a solitária da solidão que traz espaço para o marasmo mental, a perda de identidade e a desorganização.O risco da solidão é o de se ser esquecido. É o risco de não ser lembrado que é sempre pior que o eco do vazio que precisa ser atestado. O risco de perder vínculo emocional íntimo que é necessário à nossa espécie. E é nesta espécie de depósito por encher que vale tudo para o seu preenchimento. Preencher a necessidade de vínculo e de pertença social em redes fortes de apoio precisa-se. Solidão e redes sociaisHá uma ousadia vocabular no chamar de “redes sociais” aos canais que ligam e conectam, de certa forma, as pessoas entre si. É preciso ousadia para viver apenas e só nesses meios. Esses meios não trazem as dores sociais das redes, não trabalham o estar em socialização, não obriga a transformação pessoal de se olhar de outra perspectiva, de gerir o Eu interior na presença dos Eus exteriores. As redes sociais atuais digitais não chegam, são pouco, não bastam. A vida fora desses meios é mais agreste. Muito mais perigosa. Menos glamourosa. Muito menos controlável. Viver apenas e só nos meios atuais de socialização digital |
AutorO autor por detrás de UM PSICOLOGO é o Dr. João Pedro Lagarelhos, Psicólogo Clínico e Life Coach, Business Coach. Categorias
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